Renai Idenshi XX é um mangá yuri em que por causa de uma doença que afetava as pessoas que tinham o cromossomo Y essas pessoas foram sendo extintas, finalmente em 2122 o último humano do sexo masculino morreu, tornando essa uma sociedade formada apenas por fêmeas. A partir daí você pode pensar que a opressão de gênero acabaria e com o tempo qualquer ideia machista seria extinta, pois pensou errado! Como supôs uma personagem durante o mangá, provavelmente devido a algum preconceito da época em relação ao relacionamento entre pessoas do mesmo sexo, foi decidido que a única maneira da sociedade funcionar seria criar duas classes distintas que atuariam como os novos “homens e mulheres”, os Adams e as Eves, o projeto que estabeleceu isso foi chamado Projeto Éden. A lógica por trás do Projeto Éden é que para poderem lidar com essa nova sociedade um grupo deveria exercer funções consideradas masculinas, ocupando cargos importantes e trabalhando para sustentar as famílias, e o outro deveria exercer funções ditas femininas, cuidando da casa e das crianças.
A história desse mangá chamou a minha atenção desde o início, porque as únicas histórias de sociedades sem homens que eu tinha tido contato foram animes harém em que o protagonista acaba em um mundo assim, e também pela pessoa EXTREMAMENTE BURRA que resolveu estabelecer esse projeto, tipo, você teve a oportunidade de se livrar de um problema enfrentado pelas mulheres desde sempre e jogou no lixo criando outra forma de opressão. Isso não é tudo, além desses novos gêneros também foi criada uma nova classe social, após a implementação do Projeto Éden todas as posições altas no governo se tornaram hereditárias, as pessoas que ocupam ou irão ocupar esses cargos são chamadas de Etoiles.
A protagonista é uma Adam chamada Koshiro Aoi, ela entrou um mês atrasada na escola, mas logo mostrou ser inteligente e ótima em atividades físicas. Na Academia Kingdom ela conhece Kokonoe Sakura, outra Adam e segunda filha do atual primeiro ministro, uma estrela na escola e amante de gatos. Uma coisa que me deixou apreensiva no enredo foi que dado o sistema de gêneros a história poderia ser talvez muito heteronormativa, enfim, não era o que eu estava procurando para ler, pra minha agradável surpresa não foi o caso.
Aoi e Sakura irão se apaixonar ao longo da história e confrontar a imposição de que dois Adams não podem ficar juntos. Outro obstáculo para o casal é a noiva de Sakura, outra Etoile de grande influência que não gosta nada de Aoi. Pra piorar as coisas a mãe de Aoi morreu por algo que os Etoile fizeram, então de início ela realmente odeia o grupo. A relação das protagonistas é muito fofa, eu adorava as interações das duas, mas como inicialmente elas estavam confundido seus sentimentos com amizade acho que a forma que o relacionamento foi resolvido foi muito abrupta, tem algo no desenvolvimento do casal que sinto que faltou, mas como o mangá foi cancelado após dois volumes apenas é compreensível.
Erika, a noiva de Sakura, foi uma personagem que me fez perder a razão durante a leitura, a típica riquinha insuportável. Fora os preconceitos dela, mesmo que eu odeie ela tentar separar o casal principal, racionalmente dá pra entender ela não querer deixar outra roubar sua noiva kkk. Eu simpatizei com Erika durante sua história de fundo, em que foi mostrado que ela desejava ser uma Adam quando criança para se tornar um soldado e defender seu país, e como ela teve que escolher entre seus sonhos e sua paixão por Sakura. Aoi é a mais sensata ao questionar o motivo da divisão já que todas são mulheres no final, é tão ridículo que até as razões para se tornar o melhor de suas escolas são diferentes, os Adams são escolhidos pelas notas, as Eves pela popularidade.
Fiquei apreensiva que pela quantidade de capítulos a história não tivesse uma conclusão boa, me deu medo quando a protagonista ameaçou renunciar de seu desejo de mudar a sociedade pelo seu interesse amoroso, eu não queria que toda a questão fosse esquecida sem mais nem menos. Pra mim se talvez tivesse mais volumes tudo poderia ser resolvido melhor, mais coisas poderiam ser trabalhadas e poderíamos acompanhar as mudanças daquele mundo, ainda assim ao menos depois foi apresentada uma personagem com poder suficiente pra mudar a forma de vida daquelas mulheres futuramente, então pelo menos temos a indicação de que aquele sistema vai ser banido.
Acho que nunca foi a intenção da história abordar isso, mas aparentemente o Projeto Éden foi estabelecido no Japão apenas, fiquei curiosa para saber se os outros países criaram leis semelhantes ou lidaram com tudo de uma forma diferente, será que no Brasil fizeram igual? Queria que tivessem trabalhado melhor a questão do vírus também, como ele surgiu? Não é dado mais do que uma explicação geral, queria que nos fosse apresentado mais daquela comunidade.
Esse mangá conseguiu um lugar no meu coração, comecei a ler ele porque foi feito pelas mesmas pessoas que fizeram love stage, um mangá BL que sempre admirei os traços, e acabou sendo uma surpresa muito agradável. Tem seus defeitos e adoraria que não tivesse sido cancelada, ainda assim não achei ruim de acompanhar. Vou terminar a resenha com a nota e uma imagem das minhas novas crushs fictícias.
Nota: 𓇚 𓇚 𓇚 𓇚 (4/5)
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